sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Prevenção. A nossa Maior arma





Todos os anos faço a minha consulta de rotina de ginecologia, como todas as mulheres devem fazer.

Todos os anos marco a consulta de forma despreocupada.
E quando chega o dia seguem-se as normais perguntas, dúvidas e exames recomendados.


Sendo filha de uma Mulher que faleceu de cancro da mama, tenho um historial de exames específicos desde os 24 anos. A seguir à consulta segue-se sempre a marcação da mamografia e da eco. 

E hoje foi esse dia do ano.
O dia em que entro no hospital para fazer a eco. 
Um dia normal, depois de um dia de trabalho. 

Mas assim que entrei na sala de espera o meu coração disparou. 
De início pensei que fosse da correria do trabalho para o carro e depois para o hospital, em tempo record. 
Mas depois percebi que não. 
O que eu tinha era receio.
Receio que, minutos depois, detetasse no rosto da médica sinais de preocupação.
E se desta vez não estivesse tudo bem? Tenho quase 40 anos... há tantos casos... E eu, com uma possibilidade acrescida (ou não) do fator genético, não deveria estar preocupada?

A verdade é que depois de termos perdido a Mãe para esta batalha, ficamos mais sensíveis neste assunto. 
Por mais que tente relativizar, o dia de hoje é sempre desconfortável. Sem razão, eu sei.
Mas faz-me pensar, recear o futuro e recordar o passado.

Desde que fui mãe sinto um Medo enorme de não estar cá para elas, de não as ver crescer. Esse é, sem dúvida, o meu maior medo. E sei que não sou só eu. 
Quando somos Pais preocupamo-nos mais connosco, no sentido em que ao estarmos bem, passaremos mais tempo de qualidade com os nosso filhos.

Assim que me chamaram para o pequeno cubículo onde deveria esperar que me chamasse, já pronta para a realização do exame, comecei a sentir um medo crescente. E a verdade é que toda a envolvente não ajuda. 


Fui para a marquesa e deitei-me. Era uma médica com idade aproximada à minha.
Enquanto já ali estava ela acabava de fazer um relatório de um anterior exame, de forma a que este ficasse gravado. 
No ecrã, a imagem monocromática de um exame ao peito. 
Tentei não perceber o que ela ia dizendo. 

"Bolas, e que tal agora fazeres-me o exame e tranquilizar-me?"



Apenas perguntou se também faria outro exame ou só aquele. Respondi que era só.
Os minutos seguintes foram  os piores. 
À medida que me fazia o exame eu ia olhando o rosto da médica, numa tentativa de leitura. Mas ela (tal como os anteriores) não tinha grande expressão além do olhar atento e focado, consistente com o profissional de Medicina.
Uma insistência ou outra no mesmo local leva-nos a imaginar mil coisas. 
"Porque é que voltaste a analisar essa mesma zona?"

Chegou a um ponto que resolvi fechar os olhos e não olhar para o ecrã ou para o rosto da médica. Esperar que acabasse. 
E assim foi. 
"Acabou, pode-se levantar. Nada a apontar, além de vários quistos de pequena dimensão, mas normais, nada para preocupar."
Pronto. Acabou. Mais uma prova superada. Agora só para o ano.

Acreditem que não está sempre presente, não penso nisso no dia a dia. 
Mas nesta altura do ano em que faço procedimentos de rotina, recordo que o faço por algum motivo.
Que o faço há já muitos anos, desde que perdi a minha mãe. Porque fica sempre a dúvida se terei alguma componente genética de probabilidade acrescida.
 Porque quero que seja detetado de forma precoce, se um dia tiver que ser. 
Sem dramatismos, juro.




E escrevo hoje com apenas um intuito .
O de vos alertar para a importância de nós, mulheres, fazermos consulta e exames de rotina. 
Detetar um cancro em fase inicial poderá fazer toda a diferença. Embora a taxa de mortalidade seja elevada no cancro da mama, uma boa parte dos casos acontece porque é detetado em fases avançadas, quando já há sinais físicos e exteriores da doença.


Numa altura em que se aproxima o mês de Outubro,o mês rosa dedicado à prevenção do cancro da mama, aproveito para relembrar:
Façam exames anuais ou bianuais de ginecologia.
Façam  o papanicolau e tipagem, se o vosso médico assim o entender. 
Não adiem a consulta para 3 meses depois. A sério, isto é mais importante.
Estejam atentas a sinais que o vosso corpo vos possa dar.  
Façam os exames requeridos e depois não pensem mais nisso até ao ano seguinte (à exceção do autoexame frequente).
Porque o objetivo não é a preocupação, de forma alguma! o objetivo é a prevenção ,a nossa maior arma e a única coisa que podemos controlar no meio disto tudo.

E a todas as Mulheres que já passaram ou passam por fases complicadas, muita força, energia e coragem.

E pronto, era só isto... 
Agora vou ali um beijinho de boas noites às minhas pipocas. 

Já dormem. 
Mas beijinho de Mãe nunca é demais, não acham? 💖























Andreia Ferreira




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