quarta-feira, 28 de março de 2018

O silêncio das mães


Nunca foi fácil ser Mãe.
Mas acho que nunca foi difícil  como é hoje em dia. 
Por diversos  motivos.

Muitas são as mulheres que ,actualmente, constituem família longe das suas. 
E longe da família do Pai. 
E quase todas têm uma vida profissional que lhes ocupa grande parte do tempo.


Ninguém deveria ser mãe sozinha, sem uma infra estrutura de apoio, sem uma comunidade auxiliar.
Em muitas tribos as mulheres cuidam dos filhos umas das outras e quando uma mulher tem um bebé , toda a comunidade feminina se organiza para que não falte nada à criança mas também à mãe, que, tal como o bebé, precisa de ser cuidada.

Nos tempos de hoje achamo-nos capazes de fazer tudo sozinhos, enfrentamos o Mundo de peito aberto (ou pelo menos é o que o Mundo espera de nós) e  criamos filhos de qualquer maneira, com mais ou menos detalhe.
E a verdade é que se criam... 
Mas por vezes com muitas dificuldades. 
E com sacrifícios... Muitos.

Sacrificam-se convívios com amigos, idas ao ginásio, idas ao cinema, tarde de cinema em casa, fins de semana para arejar as ideias.
Acumulam-se dias e noites de cansaço, dias de ausências ao trabalho, idas às urgências...

E quando é mais que um filho, o sacrifício renova-se.
Ano após ano, sem pausas, sem tempo para respirar fundo.
Tudo é feito a grande velocidade. A correr, a mil à hora, muitas vezes sem ter tempo de apreciar o momento, por se estar já a programar o próximo.

E surge um novo tipo de mães: as solitárias, as mães eremitas, que vivem a sua licença de maternidade sozinhas, que não têm uma figura feminina próxima de si, pois não moram onde foram criadas ou porque simplesmente estas já não estão presentes. 
As que, apesar de terem mil pessoas preocupadas consigo, estão sozinhas nesta nova etapa. 

Que vivem os primeiros meses de maternidade no meio de uma espiral de sentimentos, que têm medo de errar, que não sabem como lidar com os seus bebés em tantos momentos.

Que passam dias e dias a cuidar dos seus filhos sem poder accionar o botão de pausa. 
Sem se conseguirem abstrair da rotina das fraldas, da amamentação, dos embalos e das roupinhas minúsculas.

Que abrem qualquer artigo sobre maternidade e vêem bebés perfeitos e sorridentes e mães perfeitamente cuidadas, com uma pele quase tão macia com a do bebé que carregam ao colo.

Que não têm ninguém que a dada altura lhes diga: "Vai tomar um café, passear à beira-mar ou colocar a conversa em dia com uma amiga que eu fico 2 horas com o bebé".


Quando nos falam de como é ter um filho só nos falam do lado brilhante da maternidade, de como será bom ter um bebé pequenino em casa, com os seus pés e mãos minúsculos e o seu cheiro enebriante. 
E isso não deixa de ser verdade. 
Tudo isso é verdade e maravilhoso!

Mas esquecem-se também de nos dizer que é normal sentirmo-nos sufocadas, impotentes, até mesmo incapazes. Que teremos vontade de chorar descontroladamente sem sabermos bem porquê. 
Que viveremos momentos de desespero, e quase sempre em silêncio. 
Que teremos dúvidas que precisamos ver dissipadas por quem sabe... Por outras mulheres que já foram mães, por profissionais de saúde, por doulas, conselheiras de aleitamento materno...

Não nos dizem que amamentar vai doer... E muito, no início.

Que o bebé poderá ter cólicas e nunca saberemos se é por isso que chora.

Que não teremos tempo de tomar banho até que o papá chegue a casa.

Que marcar cabeleireiro e depilação será um ato de coragem pois teremos que levar os bebés atrás.

Não nos dizem que é normal alguns bebés quererem colo horas a fio e que está tudo bem se assim for.
  


Há alguns dias li algures que "um bebé chora aquilo que a mãe cala..." E é bem verdade. 
A mãe cala ou chora em silêncio pois não se pode dar ao luxo de largar o seu filho. Que chora e que sente cada angústia da mãe que o carrega ao colo.


E os primeiros meses passam.
E olha-se para trás e realmente passou tão rápido!

Mas depois começa o trabalho... E as corridas ao infantário. O trânsito para chegar a casa, o papá que chega mais tarde.
Os banhos por tomar, os jantares por fazer, os narizes para limpar, as casas para tratar.
E no fim-de-semana os dias começam cedo e já não incluem serões de "dolce fare niente" com os amigos. 
Nem neste nem no próximo. 
Porque a mãe e o pai que o são numa cidade diferente da sua não se podem dar ao luxo de pausas. Nem ao Sábado, nem ao Domingo nem nos feriados.

E o tempo passa e o cansaço instala-se.

Se nos arrependemos de ter tido filhos? 
CLARO QUE NÃO!
Faríamos tudo outra vez, mesmo estando conscientes  das dificuldades.
Mas que seríamos mais felizes se nos fosse permitido viver esta experiência única de uma forma mais tranquila?

Sim, com toda a certeza... 




Andreia






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1 comentário:

  1. Muitos parabéns Andreia. Sem dúvida que este texto descreve a vida de uma Mãe. Ninguém nos prepara para aquilo que não é tão "cor de rosa" da maternidade. Beijinhos

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