Trazer a Sara do infantário nem sempre é uma tarefa fácil. A princesa tem uma veia dramática que a faz interpretar épicas tragédias gregas cada vez que chego para a buscar.
É sinal que gosta do espaço onde passa o dia e das pessoas que cuidam dela, bem como dos seus amiguinhos.
Fico feliz por isso, acreditem.
Mas é mais ou menos isto todos os dias:
Chego, alguém anuncia: " Sara, a mamã chegou!" .
Olho para ela sempre com um sorriso enorme. Digo algo como "Olá meu amor!"
A Sara põe cara de choro como quem a vai arrancar do sono às 02h da manhã.
Foge para o canto da sala a chorar e a dizer: "Não! não!!!"
Vão buscá-la.
Faz peso morto.
Chora ainda mais e atira-se para o chão.
Tentam acalmá-la mas acabam depois por ma entregar com a promessa de que vai continuar a fazer aquilo que teve que interromper no momento que a mãe malvada chegou.
Dispenso um esforço equivalente a 2 aulas de localizada no ginásio só para lhe conseguir enfiar o casaco, enquanto a tento convencer que está mesmo frio lá fora e que vai ficar doente se não o vestir.
Deixa-se escorregar para o chão até que a agarro com força e a tento distrair com qualquer coisa.
Cansada e já consciente que não vai levar a melhor, chora mais uma vez mas é o choro do herói que tem de se render,o choro de derrota.
Abro a porta do infantário, a Sara lavada em lágrimas.
E do nada:
"Olha, um cão a ladar! " ou então "olha, um avião a passar!!"
😐 😐 😐
E vai a correr para o carro já toda contente, como se nada tivesse acontecido.
E é isto. Sem tirar nem pôr. Todo um momento de horror e experiência traumática é reduzido a nada com a brisa do vento. 😊
Andreia Ferreira
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