domingo, 3 de fevereiro de 2019

Veia dramática: ON


Trazer a Sara do infantário nem sempre é uma tarefa fácil. A princesa tem uma veia dramática que a faz interpretar épicas tragédias gregas cada vez que chego para a buscar. 
É sinal que gosta do espaço onde passa o dia e das pessoas que cuidam dela, bem como dos seus amiguinhos. 
Fico feliz por isso, acreditem.

Mas é mais ou menos isto todos os dias: 

Chego, alguém anuncia: " Sara, a mamã chegou!" .

Olho para ela sempre com um sorriso enorme. Digo algo como "Olá meu amor!"

A Sara põe cara de choro como quem a vai arrancar do sono às 02h da manhã.

Foge para o canto da sala a chorar e a dizer: "Não! não!!!"

Vão buscá-la. 

Faz peso morto. 

Chora ainda mais e atira-se para  o chão.

Tentam acalmá-la mas acabam depois por ma entregar com a promessa de que vai continuar a fazer aquilo que teve que interromper no momento que a mãe malvada chegou.

Dispenso um esforço equivalente a 2 aulas de localizada no ginásio só para lhe conseguir enfiar o casaco, enquanto a tento convencer que está mesmo frio lá fora e que vai ficar doente se não o vestir. 
Deixa-se escorregar para  o chão até que a agarro com força e a tento distrair com qualquer coisa. 

Cansada e já consciente que não vai levar a melhor, chora mais uma vez mas é o choro do herói que tem de se render,o choro de derrota.
Abro a porta do infantário, a Sara lavada em lágrimas.

E do nada:

"Olha, um cão a ladar!  " ou então "olha, um avião a passar!!" 

😐 😐 😐


E vai a correr para o carro já toda contente, como se nada tivesse acontecido.
E é isto. Sem tirar nem pôr. Todo um momento de horror e experiência traumática é reduzido a nada com a brisa do vento. 😊




Andreia Ferreira

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