quinta-feira, 7 de março de 2019

Helena, Malala e o Dia Internacional da Mulher



Amanhã é o Dia Internacional da Mulher.
Feminismos à parte, porque também não gosto deles, é um orgulho saber que tanto foi feito nas últimas décadas para que nos tenhamos aproximado do género masculino na totalidade dos direitos. Fala, claro, em sociedades como a nossa. Muitas outras estão a anos luz se aproximarem de tal conceito. 
E mesmo na sociedade ocidental , dita mais civilizada, embora os direitos se encontrem escarrapachados em códigos, direitos e afins, há um mundo encoberto (ou até descoberto) de injustiças gigantes que nos lembram que talvez nem todas nós sejamos assim tão iguais aos olhos da sociedade.

Vale a pena analisar...

 Dados do Mundo:

"Mais de 2,7 mil milhões de mulheres estão legalmente impedidas de escolher o mesmo emprego que os homens. Das 189 economias avaliadas em 2018 pelo Banco Mundial, em 104 economias ainda existem leis que impedem as mulheres de trabalhar em determinados empregos, em 59 economias não existem leis sobre o assédio sexual no local de trabalho e, em 18 economias, os maridos podem impedir legalmente que as suas mulheres trabalhem.
    • A diferença salarial entre homens e mulheres é estimada em 23%. Isso significa que as mulheres ganham 77% do que os homens ganham.
    • Segundo a OIT (2016), estima-se que globalmente quase 40% das mulheres com empregos assalariados não têm acesso à proteção social.
    • Estima-se que 35% das mulheres em todo o mundo tenham experimentado violência física ou sexual por parceiro íntimo ou violência sexual por um não parceiro (sem incluir o assédio sexual) nalgum momento de suas vidas.
    • Estima-se que das 87.000 mulheres que foram intencionalmente mortas em 2017 globalmente, mais da metade (50.000-58%) foram mortas por parceiros íntimos ou membros da família, o que significa que 137 mulheres em todo o mundo são mortas por um membro da própria família todos os dias. Mais de um terço (30.000) das mulheres intencionalmente mortas em 2017 foram mortas pelo seu atual ou anterior parceiro íntimo.
    • As mulheres adultas representam 51% de todas as vítimas de tráfico de seres humanos detetadas globalmente. Mulheres e meninas representam 71%, sendo as meninas quase três em cada quatro vítimas de tráfico de crianças. Quase três em cada quatro mulheres e meninas são traficadas para fins de exploração sexual.
    • Segundo a UNICEF (2017), aproximadamente 15 milhões de meninas adolescentes (com idade entre os 15 e os 19 anos) em todo o mundo experimentaram sexo forçado (relações sexuais forçadas ou outros atos sexuais) em algum momento de sua vida. Destes, 9 milhões de adolescentes foram vitimadas no ano passado. Na grande maioria dos países, as raparigas adolescentes correm maior risco de sexo forçado por um marido, parceiro ou namorado atual/antigo. Com base nos dados de 30 países, apenas 1% procurou ajuda profissional.
    • 82% das mulheres parlamentares que participaram num estudo realizado em 2016 pela União Interparlamentar em 39 países de cinco regiões relataram ter sofrido alguma forma de violência psicológica (comentários, gestos e imagens de natureza sexual machista ou humilhante) ou ameaças enquanto cumprem os seus mandatos.
  • Em Portugal:
    • A pobreza mantém um rosto feminino: em 2017, a taxa de risco de pobreza antes das transferências sociais para as mulheres era de 45,5% e para os homens de 41,6%. A taxa de risco de pobreza decresce significativamente após as transferências sociais, sendo para as mulheres de 17,9% e para os homens de 16,6%. A privação material é igualmente maior nas mulheres do que nos homens (2018, M: 17,2% e H: 15,9%).
    • Em 2018 foram assassinadas 28 mulheres em contexto de relações de intimidade. Em 2019 já foram assassinadas 10 mulheres e uma menina.
    • Em 2017, 91% das vítimas de violação foram mulheres e a quase totalidade dos violadores eram homens (99,2%). Os violadores são frequentemente homens familiares ou conhecidos das mulheres (em 55% dos casos).
    • Em 2017, 25.498 mulheres foram vítimas de violência doméstica face a 6.793 homensOs agressores são na grande maioria homens: 26.385 homens e 5.113 mulheres.
    • Em 2017, foram arquivados 20.470 processos de violência doméstica e acusados 4.465; ou seja apenas 15% do total de processos de violência doméstica em 2017 acabaram em acusação.
    • Em 2017 foram concluídos 146 processos por violação, 39 por tráfico de pessoas e lenocínio, 371 por abuso sexual de criança e 63 por pornografia de menores, em tribunais de 1ª instância.
    • Em 2017, 80,5% das crianças violentadas sexualmente eram do sexo feminino. 68,5% das vítimas tinha entre 8 e 13 anos. A quase totalidade dos agressores eram homens (96%), na maioria familiares (44,5%) ou conhecidos das crianças (23,2%).
    • Há mais mulheres desempregadas do que homens: a taxa de desemprego em janeiro de 2019 é, para as mulheres, de 7,9% e para os homens de 6,1%.
    • As mulheres recebem em média menos 15,8% do que os homens, o que corresponde a 58 dias de trabalho remunerado. As mulheres quadros superiores recebem menos 26,2% do que os homens.
    • 7,3% das mulheres e 4,2% dos homens auferem rendimentos inferiores ao limiar dos baixos salários.
    • Os homens representam 78,5% do 1% de trabalhadores por conta de outrem com ganho mais elevado.
 (Fonte: INE; RASI 2018; CITE)


Hoje a Helena, ao entrar no carro perguntou-me:

"Mamã, que dia é amanhã?"
"6ª feira, filha! Quase fim-de-semana!"
"Não é isso. Que dia é amanhã?"
" Dia 8, querida. É isso que queres saber? O dia do mês?"
"Não, mamã. Que dia importante é amanhã? É o dia da Mulher!!!"

E assim fiquei a perceber que a Helena abordou na escola, de alguma forma, o dia Internacional da Mulher. 
Uma vez que não sei qual foi a abordagem feita, vou aproveitar para amanhã ler uma história que lhe comprei uns há uns dias e que julgo ser mais do que apropriada para o dia.

O livro chama-se "O lápis mágico de Malala", da Editora Presença.

Malala Yousafzai tornou-se conhecida com apenas 11 anos ao escrever para a BBC Urdu acerca da vida sob o regime talibã no Paquistão. Deu voz à luta da sua família pelo direito das raparigas à educação no vale de Swat. 

Em 2012 tornou-se um alvo a abater pelos talibãs até ser alvejada com apenas  15 anos, quando ia da escola para casa. 

Foi viver para Inglaterra com a família onde continua a sua campanha pública pela educação feminina.

Em 2013 criuo o Malala Fund através do qual foram abertas várias escolas para raparigas no Médio Oriente.

Em 2014 tornou-se, aos 17 anos, a pessoa mais jovem de sempre a ganhar um Nobel da Paz.

Tem agora 21 anos. 

É Mulher com M grande desde muito pequena.


E é sobre ela que a Helena vai ouvir falar amanhã. Num livro fantástico escrito para crianças, em que se descobre que uma menina sonhou em tempos com um lápis mágico. 
Através de páginas com ilustrações realistas mas adaptadas aos mais novos, conseguimos apercebermo-nos da história de Malala, em linguagem cuidada e infantil. 
E a Helena vai perceber que mais tarde a menina teve um lápis real através do qual escreveu tudo o que quis e sonhou um dia.
 E os seus desejos começaram aí a realizar-se.
Amanhã, a Helena vai conhecer a Malala, símbolo vivo e atual da luta das mulheres pela igualdade num mundo ditado ainda pela desigualdade de géneros.

E eu vou tentar que ela entenda a forte mensagem que o livro transmite de forma tão subtil. 


💝💝💝




Andreia Ferreira

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